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      Anabela lurido
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      Faz hoje, dia 25 de Agosto, 30 anos que aconteceu o tenebroso incêndio do Chiado; incêndio que mudou o “rosto” da baixa no seu aspecto arquitectónico e interesse turístico.

      Várias pessoas que na altura moravam no Chiado e os bombeiros que estiveram envolvidos foram hoje entrevistados sobre o que se passou na noite do dia 25 de Agosto de 1988.

      Este é um daqueles tristes acontecimentos que nunca devem ser esquecidos. Lembrar aqueles que experienciaram tão horrorosa noite, pessoas que, semanas após semanas, vaguearam chiado acima e abaixo, olhando os escombros, procurando aquilo que perderam, aqueles que viram as suas vida mudadas de um momento para o outro, antigos moradores e comerciantes, esses nunca o esquecerão.
      Nesse Chiado nasceu uma zona Cosmopolita onde não tiveram lugar.

      Mas, perguntarão: o que tem esta data a ver com a LPDA, para ser notícia?

      Também nós estivemos envolvidos no acontecido e retemos memórias desse dia, pois, muitos e muitos animais de companhia morreram no incêndio. Mas como em todas as catástrofes existe sempre uma história feliz. Na altura, foi notícia do dia.

      Passados oito dias do incêndio, já no seu rescaldo, os bombeiros, a partir da entrada da rua do Crucifixo, tentavam com uma escada magirus chegar, por entre os escombros, à entrada principal dos armazéns do Chiado. Foi quando se aperceberam de miares aflitivos vindos de um pequeno canto da cobertura de madeira não ardida, e de difícil acesso.
      Porém, a escada não chegava ao local onde os gatos se escondiam, nem estes dali podiam fugir.

      Aí começou a história de final feliz que vos queremos contar.

      Os bombeiros não tinham, na altura, conhecimento suficiente sobre como capturar os gatinhos. Estes estavam confinados a um canto de difícil acesso, muito assustados. Teriam que ser retirados um a um e levados a um veterinário.

      Face à situação, os bombeiros contactaram a LPDA que fez deslocar duas voluntárias à rua do Crucifixo. A rádio renascença estava a fazer a cobertura do rescaldo e acabou por fazer a cobertura da libertação dos animais, dai ter sido muito publicitado.
      Uma das pessoas da Liga subiu a escada com a ajuda do bombeiro; no topo foi presa por um cinto. Desta forma foi retirando gato após gato, que entregava ao bombeiro que, por sua vez, entregava ao segundo elemento da Liga, que os ia colocando nas transportadoras.
      Tudo correu muito bem; os animais, um macho, uma fêmea e cinco crias com cerca de mês e meio foram retirados um a um, não ofereceram qualquer resistência; estavam muito assustados e debilitados, dai a relativa facilidade da operação.

      Durante todo o processo que demorou cerca de uma hora, a rádio renascença foi noticiando o acontecimento a par e passo, tendo acorrido ao local vários moradores. As crias foram logo ali adoptadas; o macho e a fêmea ficaram alojados numa clínica em Paço de Arcos. Passado pouco tempo o macho foi também adoptado, acabando a gata por ficar na sede da LPDA onde viveu feliz durante cerca de 12 anos.

      Este foi um caso feliz, saído de um pesadelo que afectou pessoas e animais, há trinta anos.

      Muitas dessas pessoas já não se encontram entre nós; muitas morreram com muita mágoa e muita dor por tudo o que perderam. Outras, felizmente, ainda cá estão para o lembrar.

      Entendemos também lembrar este acontecimento verídico e vivido por nós, para lembrar que muitos animais de companhia morreram e esses não devem ser esquecidos.

      Passaram-se 30 anos e milhares de felídeos e canídeos continuam a procriar por todo o país, nos sítios mais inimagináveis: forros de telhados, matas, lixeiras, qualquer canto que encontram para se abrigarem e em segurança ter os seus filhotes, mas continuam a ser vítimas anónimas de tantos e tantos fogos, todos os anos.
      Ninguém o ignora, mas continua a acontecer.

      Existem responsáveis? Sem duvida que sim. Não ignoram a situação, mas consideram ser um caso de menor importância, ofendendo com essa indiferença milhares de cidadãos que se impõem contra a falta de respeito pelo sofrimento dos animais . É grave quando o estado gasta mal o dinheiro dos contribuintes. Ao invés de investir em força na esterilização/castração dos animais, escuda-se na necessidade de estudar uma situação mais do que estudada.
      O estado gasta milhões de euros na recolha e abate de animais errantes, quando esterilizar/castrar em força é a única solução.

      Pergunta-se: a quem interessa manter esta situação? Seria bom realizar-se um estudo sobre o porquê dessa posição, mais, quando o programa CED, agora travado pelo governo, teve a adesão de toda uma população, das associações, de veterinários e de algumas Câmaras Municipais.

      Porque resistem, ao longo dos anos, algumas autarquias à implementação da esterilização/castração e teimam em manter a captura e o abate?

      Perguntamos: onde estão a ser aplicadas as receitas das licenças municipais que as pessoas pagam pelos seus animais? Não devia ser aplicado nos animais abandonados? Estamos a falar de milhões de euros.
      Será que algum órgão da comunicação social está disponível para fazer um trabalho de pesquisa profundo sobre a quem interessa manter a situação e o Porquê? Que é estranho, é.

      É necessário responsabilizar e exigir a implementação de medidas urgentes. O incêndio do chiado foi há 30 anos e os animais continuam a ser vítimas dos fogos.

      O nosso agradecimento a todos os bombeiros deste país. Para nós são heróis que arriscam a vida em prol de humanos, animais, ambiente e defesa do património.

      Todos os lisboetas lhe devem estar gratos. Eles foram verdadeiros heróis no combate ao fogo do chiado. Arriscaram muito, lutaram na altura com grande falta de recursos e com a ratoeira encontrada no prolongamento do chiado para o Rossio, que lhes barrou a entrada dos carros para o combate do fogo.

      E já agora: houve ou não negligência? Chegaram a alguma conclusão? Houve ou não culpados?

      O nosso obrigado a todos os Bombeiros.

      Que Deus proteja todos os HOMENS DA PAZ.
      Para eles o nosso muito obrigado.

      Um membro da Direcção da LPDA

      Fotos de Alfredo Cunha, Rui Ochoa, Fernando Ricardo e José Carlos Pratas.

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